segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Receita

Olá a todos os visitantes! Como eu havia prometido no meu último post, vou deixar uma receita fácil e prática: Arroz a Carbonara. Como algumas sugestões iniciais, eu falaria pra levarem o arroz pronto, tipo aquele que fazemos e guardamos a sobra na geladeira, neste caso, na mochila... rsrs.

Arroz a Carbonara
- Uma porção de arroz suficiente para matar a sua fome.
- Lingüiça Calabresa ( normalmente utilizo bacon, mas a lingüiça pode ficar fora da geladeira)
- Batata Palha
- Azeite de Oliva Extra Virgem (ta, pode ser óleo de cozinha mesmo, rsrs)
- Cebola
- Ovo (sugestão, mas pode ficar sem)

Comece colocando um pouco de óleo numa panela, e quando estiver quente, coloque um pouco de cebola picada para fritar, coloque a lingüiça junto, a não ser que tenha uma panela e fogareiro sobrando e queira fritar separado. Assim que a cebola estiver dourada e a calabresa frita, acrescente o arroz e mecha até aquecer. Caso tenha optado pelo ovo, acrescente o ovo e mecha até ele cozinhar (como se estivesse fazendo um omelete mesmo) após estar tudo quente e no ponto que você gosta, acrescente a batata palha e sirva num prato. O tempo de preparo varia de 5 a 10 minutos.
Essa pode ser uma forma de aproveitar a comida que está sobrando em sua geladeira, ou uma forma de cozinhar algo fácil e gostoso em seu acampamento, no meio do mato, sem nada por perto. Testem e sintam-se livres para comentar. Caso tenha pelo menos uma aprovação, coloco outras receitas por aqui.

Abraços
Jeep


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Cozinhando no acampamento

Ainda temos histórias para contar do acampamento que fizemos no cume do Pico Itapiroca, no último feriadão de 7 de setembro de 2010. Aproveitando as dicas sobre alimentação passadas pelo Jeep, lembrei de contar como foram algumas de nossas refeições e nossa experiência na cozinha de campanha. Com as dicas do Silvio da Território do Palladium, adquirimos dois fogareiros, um modelo Apolo, com o suporte fixo, e um Guepardo, dobrável, que fica bem pequeno, ocupa menos espaço e é mais leve, porém o primeiro suporta panelas maiores e dispões também de chama mais forte. Dimensionamos para 4 refeições quentes, para 4 a 6 pessoas, 4 cartuchos de gás de 230g. Adquirimos duas panelas e uma leiteira, o suficiente para cozinhar dois pratos quentes ao mesmo tempo e ferver água ou leite no café da manhã.
Nosso primeiro obstáculo para iniciar a prática culinária foi o vento fortíssimo no cume, que atrapalharia a eficiência das chamas e, consequentemente, dissipando calor, além de gastar mais gás. Localizamos no caminho para o cume principal uma clareira no meio da vegetação mais alta onde naturalmente protegia de boa parte do vento. Melhoramos ainda mais o espaço colocando nossa lona multi-uso como uma parede do lado de onde vinha o vento, filtrando praticamente todo o resto de brisa. Ganhamos uma clareira de quase 3 metros para cozinhar com certo conforto, iluminada pelas lanternas de cabeça penduradas nos galhos mais altos. Nosso cardápio original seria mais leve, mas como tínhamos o problema gerado pelo peso dos mantimentos, precisávamos nos desfazer do máximo possível. Além disso, também já existia a possibilidade de encurtarmos o tempo planejado para estadia, e dessa forma optamos por antecipar o cardápio do almoço de domingo para aquele sábado à noite. Era dia 04 de setembro 2010, em torno das 20h30.

Dispomos do seguinte cardápio no jantar: arroz (que já veio pré-cozido), feijão, farofa de soja, steak de frango e salada de legumes com farinha de kibe. No fogareiro maior, coloquei a panela maior com água para iniciar fervura. Assim que ferveu (mais rápido devido a altitude), acrescentei o arroz e deixei terminar de cozinhar e secar. No fogareiro menor, na panela mais baixa coloquei óleo, e depois de pré-aquecido, o alho para dourar, e em seguida a cebola. Depois de dourados, acrescentei orégano, aguardando alguns instantes, então despejei o feijão da caixinha que o Fôdo abriu. Não é necessário acrescentar sal, pois este feijão de caixinha já vem pronto para o consumo. O tempero que fiz é opcional, mas da um gosto todo especial. Lembrando: óleo, alho, cebola e orégano.
Enquanto estes dois pratos quentes cozinhavam, passei para o Fôdo e o Jeep a tarefa de montar a salada de legumes. Foram separando em porções diretamente nos pratos. Lembrete: é importante levar prato e caneca, plástico de preferência, pois são leves e não quebram. Enquanto eu preparava a farinha de trigo numa das canecas, umedecendo com água, eles foram separando as porções com os legumes: batata, cenoura e brócolis, todos já cozidos ao dente em casa. Escorri a água extra da farinha, confesso que cedo demais, pois quanto mais tempo ficar de molho, mais a farinha fica macia, então passei aos dois para misturarem com os legumes. Durante este tempo, o Sid revirava a minha barraca atrás da outra caixinha de feijão, que acabamos encontrando só no outro dia, escondido no fundo da minha mochila. Acabamos ficando com a porção de uma caixinha só, mas foi pra lá de suficiente devido a fartura dos outros itens.


Assim que o arroz secou, desligamos o feijão que já fervia e começamos a completar os pratos. O steak de frango comemos frio mesmo, junto com o arroz e feijão quentinhos, após rasparmos as saladas do prato. Para acompanhar, a farofa de soja que já veio pronta de casa também. Essa farofa é uma pedida excelente! Apesar de seca, ela possui boa dose de proteína e pode durar mais de 10 dias, aliás, quando mais velha, melhor fica! Os ingredientes são: a proteína de soja temperada com 1 pacote de creme de cebola e um pouquinho de óleo, em fogo médio, acrescentando a farinha bijú no final. Fica uma delícia! Até o Sid que não aprova nenhum tipo de farinha ou farofa se rendeu a esta receita.
Optamos por não fazer chá ou café à noite, ficamos na água mesmo, mas racionando com cuidado pois ainda tínhamos o café da manhã e a decida no dia seguinte, e a bica d'água ficava razoavelmente distante e ninguém estava com ânimo para buscar para reposição. Apesar das circunstâncias , a grande fome que estávamos pelo esforço do dia, não é recomendado um cardápio tão rico e farto assim durante à noite, principalmente se o estoque de água estiver baixo. Durante a digestão, é certo que a sede vai bater. Terminamos o jantar e recolhemos todos os apetrechos retornando para o acampamento. A essa altura o plano de jogar truco foi para o espaço, o negócio era dormir mesmo e ver como ficaria para o dia seguinte, continuar ou retornar.

Pela manhã, domingo então, o vento já não era tão forte, decidimos que não era necessário utilizar novamente a clareira e preparamos nosso café ali mesmo, em frente às barracas. Dessa vez o fogareiro foi pilotado pelo Fôdo. Desde o início ele pediu para que fervêssemos o leite, porém argumentei que a melhor opção era fazer o café solúvel com água. Mas como estávamos com pouca água sedi e disse que poderia ferver o leite: deu pulos de alegria! Assim, ferveu exato 1 litro na leiteirinha acrescentou o café solúvel. O cheirinho ficou maravilhoso!! E o gosto mais ainda, graças ao Fôdo que insistiu! Para acompanhar, comemos pão integral fatiado com maionese (levamos em sache), queijo colonial, salame, e mortadela de frango. O café estava tão gostoso que ele foi obrigado a ferver a segunda leiteira: 2 litros de leite para 4 marmanjos! Foi nesse momento que o grupo que estava com o Baby, mas sem ele, passou por nós.
Depois desse maravilhoso café da manhã, e consumida boa parte dos mantimentos que trouxemos, definimos que voltaríamos naquele dia mesmo para casa, pois o tempo estava fechando, o suficiente para não nos deixar coroar bem possíveis conquistas como o Caratuva, o Tucúm e o Camapuã. Ficaram para um próximo ataque. Aproveitem as dicas que deixamos no blog sobre alimentação e planejem bem esta parte da aventura, principalmente quando o trekking passar de um dia.

Foto 1:
Gandalf 'organizando' a cozinha
Foto 2: Gandalf temperando o feijão
Foto 3: Fôdo preparando o fogareiro no café da manhã

abraço.
Gandalf
Minhocas Uh Ha Ha.

Veja também em quadrinhos: Acampamento do Pico Itapiroca




sábado, 18 de setembro de 2010

Alimentação Na Trilha!

Freqüentemente somos indagados sobre a questão da alimentação ao realizar trilhas. Na verdade, não existem grandes segredos, mas como nem sempre achamos na internet muita coisa sobre a alimentação, resolvi disponibilizar por aqui o que utilizamos para repor as energias.
Trilhas Leves
Normalmente com duração de apenas algumas horas ou no máximo um dia, a dica é levar alimentos leves e calóricos, mas atenção, calóricos, porém não gordurosos. Leve algumas barras de cereais, frutas como maçã e banana. Nosso grupo sempre faz um mix de grãos com castanhas do pará, castanhas de cajú, amêndoas, noz macadâmia, nozes, amendoim, uva passa e damasco. Estes grãos, embora leves e de fácil digestão, possuem um alto valor energético, o que pode ser útil, principalmente quando se trata de subir uma montanha, onde o gasto calórico é bem elevado. No caso de decidir levar frutas, a dica é acondicioná-las em potes, pois se estão protegidas não correram o risco de amassarem. Bolachas salgadas também podem ser levadas, mas cuidado também para que não quebrem e virem farelo. Um pote, ou algo para protegê-las do impacto e compressão é sempre bem vindo. Quando a trilha é um pouco mais pesada, para o almoço a sugestão é um sanduíche, um pão francês, hambúrguer e salada. Mesmo frio fica gostoso. Uma barrinha de chocolate como sobremesa também possui um bom valor energético.
Trilhas Pesadas, com mais de um dia de duração.
Neste caso, vale a sugestão acima, para fazer alguns lanches rápidos no intervalo das refeições. Mas para as refeições como café da manhã, almoço e jantar, não pense que alguns lanches serão suficientes.
Para o café da manha, prepare algo reforçado, já que esta é a refeição mais importante do dia. Leve pão, mas procure não levar o de forma, estraga mais rápido e amassa fácil, a sugestão é de levar um pão sírio, pois é leve, ocupa pouco espaço, e dura mais tempo que os demais. Para acompanhar, queijos duros (coloniais) e um salame, já que alguns podem ficar fora da geladeira. E para não comer no seco, pode-se levar uma maionese em sachê ou manteiga, daquelas que são vendidas em latinhas. Uma mistura pronta de café solúvel, leite em pó e açúcar facilita na hora de preparar o café: basta esquentar a água e adicionar o pó. Uma bolachinha para complementar também é um bom pedido.
Já no almoço, não pense que só porque esta no mato você não pode cozinhar como se estivesse na cidade. Arroz, feijão, um pedaço de carne, e uma salada. A dica é levar o arroz pré-cozido, o que facilita imensamente no preparo, além de reduzir significativamente o tempo. Em relação ao feijão, existem alguns em caixinha, praticamente prontos, que auxiliam também. Em relação à carne, procure por cortes defumados ou secos, como a carne seca. Lembre-se que os alimentos ficarão fora da geladeira, então é necessário avaliar a durabilidade destes itens. Uma salada, com verduras pré-cozidas, também é fácil de se preparar.
No Jantar, o cardápio pode seguir a mesma base do almoço, ou então um macarrão, uma lasanha, ou o que tiver em mente. Mas nada de miojo, embora fáceis de fazer, não possuem quase nada de propriedades nutritivas.
O segredo é criar cardápios. Existem também diversas comidas desidratadas, de fácil preparo. Por enquanto, fico por aqui. Logo eu volto com algumas receitas, mais algumas dicas que posso ter esquecido e correções de erros que posso ter feito. Rsrs.


Abraços
Jeep.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Desafio 7: Acampamento no Pico Itapiroca III - A Descida

No domingo, dia 05 de setembro, próximo ao horário do almoço, havíamos terminado a incrível batalha de incluir todos os nossos apetrechos dentro das mochilas. Roupas, barracas, sacos de dormir, mantimentos, equipamentos, tudo foi acondicionado novamente. As sacolinhas de lixo recolhidas foram amarradas do lado de fora das mochilas, e as garrafas de água tomaram seus lugares para o reabastecimento que aconteceria no pé do morro. Antes de 'vesti-las' novamente, fomos em direção ao cume principal para assinarmos o livro do Itapiroca e marcarmos nossa presença. Mais alguns minutos de contemplação e algumas fotos, batemos o martelo em definitivo para retornarmos para casa naquele dia mesmo, pois as mochilas pareciam não ter diminuído um grama de peso, além das nuvens avançarem por todas as montanhas e morros à nossa volta, e também o próprio Itapiroca.
O vento havia praticamente sumido ao raiar do dia, mas com a manhã se firmando mudou de direção e agora vinha de sudeste. Havia possibilidade de chuvisco, mas como estávamos em uma área de encontro de diferentes temperaturas, não descartamos a possibilidade de chuva forte. Subir nestas condições o Caratuva, nosso próximo objetivo, não traria uma boa visibilidade e não coroaria com êxito o esforço da mesma forma como foi com o Itapiroca. Iniciamos a jornada de descida com a expectativa de realizá-la em pouco mais de 3 horas, considerando novamente as limitações físicas do Sid e também a nossa carga.
Para nossa surpresa o ritmo fluiu de forma muito bacana, e bem mais acelerado. Ninguém parecia cansado nem se importar muito com o peso às costas, mesmo parecendo exatamente igual ao dia anterior. Seguimos na mesma batida até a bifurcação com a trilha que vinha do PP, onde encontramos três rapazes que pararam para descansar. Já havíamos nos encontrado no dia anterior e decidiram vir na mesma balada até a bica. Paramos apenas uma vez pois o Sid torceu 'de leve' o tornozelo, enquanto o Fôdo disparou à frente para chegar logo na parada programada. Recuperando rapidamente o fôlego e também da dor, seguimos em frente até a bica onde o Fôdo já nos esperava. Na média, tomamos 1 litro de água fresca cada um e aproveitamos para realizar o batismo do mais novo membro do Minhocas da Terra.

Mais alguns minutos para respirar, ajustamos novamente as mochilas e tocamos em frente. Desta vez o Fôdo e o Jeep aceleraram um pouco mais para chegar até o Getúlio, que não fica muito longe dali. Eu e o Sid seguimos mais atrás, parando para registrar a bifurcação entre a trilha do PP, que seguíamos, e a do Caratuva. Em seguida chegamos no Getúlio. Cabe aqui o registro de que o Getúlio nos engana um pouco. Ele é muito comprido e a trilha sobre ele é leve, tanto na subida quando na descida. Somente no seu início, ou no fim no caso da descida, é que se torna mais íngreme e a diferença de altitude é alcançada de forma consideravelmente rápida. Um pouco antes do cume do Getúlio os outros dois nos aguardavam. Aproveitamos para mais um rápido descanso e algumas fotos a mais e então tocamos em frente, sem parar para alimentação. Aliás, depois do café reforçadíssimo logo cedo, nosso foco era apenas em descer e chegar logo na Fazenda para descarregar as mochilas no carro.

Chegamos na sede da Fazenda logo depois da 15h, e assim que chegamos nos carros localizamos um bilhete do Baby, pendurado no jeep, que dizia que ele estava por ali, havia acampado ali na base mesmo, junto com um grupo de mais outras duas barracas, e que o pessoal da Fazenda saberia que onde ele estava. Procuramos entre as barracas mas não o achamos. Perguntei por ali e lembraram que o Baby chegou no final da tarde, pois estava sozinho, mas não souberam dizer se havia subido para alguma das trilhas. Paciência, pensamos.

Convencemos o Sid a ir até a cachoeira que fica a poucos minutos, seguindo o rio que corta a entrada da área de camping. Descemos poucos minutos e chegamos na parte de cima da cachoeira Arco-Íris. E adivinhem que estava lá: o Baby! Estava com um grupo de três rapazes, os mesmos que haviam passado por nós durante o café da manhã, no alto do Itapiroca. Nos reconheceram e falaram que perguntaram por nós por todo percurso, só falto o último grupo que encontraram, exatamente nós! Chegaram a tentar contato e enviar mensagem que, se tivéssemos recebido em tempo, permitiria que Baby tivesse curtido a vista lá de cima, pelo menos durante o período da manhã até o horário da nossa descida.


De qualquer forma, aproveitamos ali o visual da cachoeira, tirando mais fotos até que decidimos encerrar nossa aventura e tomar o rumo de casa, trazendo de carona o Baby. A essa altura o tempo já estava fechando, a temperatura caindo de leve e em alguns pontos as nuvens já eram bem mais escuras que aquelas que formaram o tapete branco do amanhecer. Agora é começar a pensar no próximo desafio, e com certeza nas estratégias para retornarmos para esse local incrível. Recomendamos, com certeza!


Foto 1: Batismo do Sid - 05.09.10
Foto 2: Bifurcação da trilha: Caratuva e PP
Foto 3: Atravessando o Morro do Getúlio
Foto 4: Baby, Jeep e Fôdo na cachoeira Arco-Íris
Foto 5: Gandalf, Sid, Jeep e Fôdo após a conquista do Itapiroca (1.806m)



Gandalf
Minhocas Uh Ha Ha

Veja também em quadrinhos: Acampamento do Pico Itapiroca




quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Desafio 7: Acampamento no Pico Itapiroca II - A Noite

Nosso acampamento ficou pronto às 16h20 da tarde do sábado, dia 04 de setembro de 2010. O Fôdo já havia descido até a Fazenda para encontrar com o Baby, de mochila vazia, e traria o restante dos mantimentos que ficaram no carro, além das garrafas de água reabastecidas da bica. Resolvemos que o cardápio seria a base dos mantimentos que viriam, pois seriam excesso de peso e volume para a descida, e devíamos gastá-los. Enquanto isso, entramos em estado de relaxamento, aproveitamos a vista, tentando identificar cada morro e pico à nossa volta. O ar permanecia seco ao longe e a neblina de poluição mantinha-se no horizonte não permitindo que pudéssemos enxergar Curitiba, à oeste, Antonina e o mar, a leste. O céu era de um azul intenso, e tão intenso quanto, estava o vento. Às vezes algumas rajadas mais fortes nos balançavam e castigavam as barracas. Valentes barracas, passaram na prova do vento forte!
O Celso, que foi batizado no dia seguinte como Sid, por sugestão do Fôdo, resolveu descansar, deitado em sua barraca, para resgatar parte do fôlego e para aliviar a dor na coluna, que incomodava, apesar do relaxante muscular que tomou no caminho. O Jeep e eu fomos para o cume principal, onde está o livro de assinaturas, para vislumbrar ainda mais a vista. De lá é possível ver o Tucum e o Camapuã, além do Pico Paraná, Caratuva, Ferraria e outros. Depois de algumas fotos, decidimos ficar por ali para aguardar o pôr do sol e registrar o momento. Enquanto o Jeep foi ao outro cume, no extremo sul do Itapiroca, fiquei por ali deitado na pedra e acabei tirando um rápido cochilo, às vezes acordado pelo vento que me chacoalhava, mesmo deitado.
Em alguns m
omentos que acordei vi o Jeep no alto do outro cume, ou numa pedra, aproveitei para tirar sua foto e e depois voltar ao cochilo. Quando acordei em definitivo, a névoa que cobria o horizonte em direção à Curitiba era forte e não permitiria que o por do sol fosse visto até a linha do horizonte. Desisti de ficar por ali e desci até o acampamento. O Jeep avisou que recebera uma mensagem do Fôdo quando passou pelo Getúlio, na descida, tinha conseguido a marca de 19 min até lá! Tava voando! Mas, de repente bateu a preocupação: não combinamos a possibilidade do Baby não aparecer e até que horário deveria aguardar para não subir todo o trecho no escuro. Quando começou a escurecer, as contas do tempo necessário para subir apertaram. Se saísse da Fazenda às 18h, a previsão de chegada era entre 20h30 até 21h00, mesmo com a possibilidade de ambos apertarem o ritmo da subida. Já estava escuro, e fomos para o final da trilha para tentar acompanhar sua chegada através das luzes das lanternas. Dali fizemos sinais com as lanternas em direção ao PP que foi respondido. Depois ficamos sabendo que foi um dos amigos do Mario, que encontramos no inicio da trilha.
Como não enxergamos nada na trilha de acesso ao Itapiroca, voltamos ao cume principal para pegar sinal de celular na tentativa de ligar para o Fôdo ou o Baby, mas deu caixa postal em ambos. Não teve como adivinhar se estariam no meio do caminho, pois na Fazenda não pega sinal de celular. Nesse momento vimos luzes chegando no final da trilha, que responderam nosso sinal ali de cima. Descemos até o acampamento e o Fôdo estava exausto e com cãibras, subiu correndo, mas sozinho, resolveu sair da Fazenda às 17h20 para evitar a trilha toda à noite.
Definimo
s o cardápio para o jantar, e montamos a cozinha no caminho para o pico principal, onde havia menos vento, para então aproveitarmos a noite para descansar. Depois do jantar, o joguinho de baralho foi descartado pelo cansaço de todos. Ajeitamos os sacos de dormir sobre os isolantes térmicos, vestindo agasalhos para dormir. Aproveitamos as sacolas do saco de dormir como travesseiros, enchendo com as roupas reservas. Ficamos bem confortáveis e apagamos a luz. Breu completo! O vento lá fora castigava com vontade as barracas. A vegetação balançava umas contra as outras como se fosse barulho de isopor raspando em outro isopor. Nosso acampamento foi composto por três barracas: eu e o Fôdo em uma, e o Jeep e o Sid em outras duas, sozinhos. A nossa barraca estava bem quente, deixamos inclusive metade da porta aberta, protegida pelo avanço. Eram 21h30 quando fomos dormir. Acordei à 01h da madruga como uma luz imaginando ser o boitatá (rsrsrsrs), mas foi o Sid que acordou para 'esvaziar o tanque'. Daí em diante foi sono de meia em meia hora. No meio da madruga toquei na barraca e estava congelada. Como nossas coisas estavam do lado de fora, no avanço, fiquei imaginando se conseguiria acordar para ver o por do sol.
O relógio despertou às 05h40 a barraca já estava clara, dando sinais que o amanhecer estava para acontecer. Enrolei um pouco e decidi abrir o ziper da porta e do avanço para enxergar algo: a visão foi demais! O Pico Paraná logo à frente de nossa barraca estava rodeado por um mar de nuvens brancas e uma linha vermelha ao fundo dividia o céu que começava a clarear. Foi o estímulo que p
recisava para colocar as calças e a bota e saltar para fora da barraca para ver o nascer do sol. O Jeep acordou com o barulho do ziper da minha barraca e também saltou depois de ver o visual. O Fôdo relutou um pouco, mas também saltou quando viu o PP emoldurado.

Sid teimava em não levantar. Mas a visão era incrível, e ele também não resistiu de pelo menos por a cabeça para fora da barraca. O pessoal que estava nas barracas em volta, mais 8 montanhistas em 5 barracas, também estavam de pé aproveitando o momento. Depois de registrá-lo, o Fôdo e o Jeep renderam-se ao cansaço e retornaram para as barracas para mais um trecho de sono. Eu e o Sid já estávamos despertos, por costume, resolvemos subir ao cume principal para observar todo o horizonte e o avanço do mar de nuvens, colocando o papo em dia. Retornamos para o acampamento às 08h30 e partimos para o café da manhã, do tipo colonial, diga-se de passagem. Enquanto aprontávamos o café, um grupo de três montanhistas chegava ao cume, num ataque leve apenas munidos de garrafas, e passaram por nós elogiando o café. Mais tarde soubemos que era o grupo que deu suporte ao Baby, que acabou chegando na Fazenda pouco depois do retorno do Fôdo.
Com o mar de nuvens avançando em direção ao conjunto de montanhas, definimos que abortaríamos os outros ataques, retornando um dia antes, junto com o Sid, pois as mochilas ainda estavam muito pesadas para prosseguirmos. Aproveitaríamos a experiência para planejar de forma diferente os próximos ataques na região. Mas uma coisa é 100% certa: apesar do esforço e da noite gélida, ventos fortíssimo e sensação térmica de pelo menos -5°C, valeu muito à pena! Experiência sensacional!... E para poucos!

Foto 1:
Acampamento no Itapiroca Foto 2: Pico Paraná - Nascer do sol do Itapiroca

Gandalf
Minhocas Uh Ha Ha

Veja também em quadrinhos: Acampamento do Pico Itapiroca




segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Desafio 7: Acampamento no Pico Itapiroca I - A Saída

Alcançar o cume do Itapiroca e acampar por lá foi o primeiro desafio prolongado dos Minhocas da Terra. E como essa jornada foi longa, adquirimos uma série de novas experiências, com muitos detalhes a considerar e contar. Por isso, essa aventura foi dividida em partes, dedicando cada uma delas para um tema que envolveu esse desafio.

Nessa primeira parte vamos falar dos preparativos e a saída em direção ao nosso acampamento. Estávamos definidos num grupo de três Minhocas para o desafio: Fôdo, Gandalf e Jeep. O Baby estava na expectativa de descolar uma carona para chegar até a Fazenda, mas isso provavelmente só aconteceria no final da tarde do sábado - 04 set 2010. Faltando uma semana para a saída, o Celso, meu compadre, aceitou o convite para participar dessa aventura. Sedentário convicto, esse foi o primeiro desafio, e já exigente, pois a proposta era acamparmos na região por três dias seguidos, saindo no sábado cedinho e retornando na segunda no final da tarde. Com a opção de voltar um dia antes, no domingo à tarde, topou encarar o desafio e juntar-se aos Minhocas. Conseguimos ajustar o equipamento para todos, inclusive para ele, que já dispunha de boa parte, como mochila e bota, mas acabou adquirindo outros detalhes do fardamento, e levou emprestados a barraca e o saco de dormir do Gump.
Fizemos o planejamento de refeições, ricas e fartas, além de itens extras para o caso de atrasos, o que acabou nos causando sobre-peso, posteriormente avaliado como sendo contornável. Mas nos aprofundaremos nesse tópico em outra postagem. A ideia era cumprir de cinco a sete objetivos: Morro do Getúlio, Caratuva, Itapiroca, Tucum, Camapuã e Cerro Verde, e por pretensão, quem sabe até o Ciririca. A ordem como seriam realizados, dependeria das condições que encontrássemos no local e das trilhas que interligariam cada objetivo. Ainda não foi possível localizar nenhuma postagem que mostre detalhes mais ricos sobre esses caminhos, e aí esta um de nossos desafios: 'mapear' a região para facilitar a indicação para esses planejamentos.
Nos reunimos, então, para sair do QG por volta das 06h30. O Jeep optou por ir de jeep mesmo, junto com o Fôdo, e eu fui com o Celso que foi com seu carro, já que planejava voltar antes. A previsão era de chegarmos na Fazenda Pico Paraná depois de uma hora de viagem, pois o jeep segue um pouco mais devagar na rodovia. Aliás, essa é uma aventura à parte e que chamou muita atenção, diga-se de passagem. Conforme a indicação do site da Fazenda, seguimos pela BR 116 em direção à São Paulo, passando pela praça do pedágio (R$ 1,50), que fica depois da entrada para a Estrada da Graciosa. Permanecemos atentos para a principal referência, o Posto Tio Doca ,que fica no lado esquerdo da Rodovia. Depois disso, a entrada fica logo antes da ponte sobre o Rio Tucum. Realmente é necessário redobrar a atenção e reduzir antecipadamente a velocidade, pois a entrada é bem discreta e não dispõe de sinalização. Apesar disso, a estrada de chão estava bem conservada. São aproximadamente 6 km até a chegada à sede da Fazenda. Fizemos o registro com o responsável local, que indicou onde estacionar os carros. O custo para esse acesso e dispor da estrutura é de R$ 10,00 por pessoal, nisso já incluso o estacionamento, a área para camping, dispondo inclusive de banheiros e banho quente.
Mas a nossa ideia era acampar lá em cima e após ajustar as mochilas às costas, iniciamos o caminho rumo ao Morro do Getúlio. Começamos a subida às 09h00, e a previsão descrita para o Itapiroca era de 3 horas até o cume. O peso que cada um levava era bastante considerável, e além disso tínhamos o calouro Celso, que não estava mais acostumados a distâncias longas, superiores a três quadras (rsrsrsrs). Ditamos o ritmo no limite dele, mantendo nosso grupo reunido e evitando afastamentos. Paramos várias vezes para que retomasse fôlego, pois as condições foram extremas para ele: esforço físico muito além do que está atualmente acostumado, o peso da mochila agravando as dores nas costas que esporadicamente sente, e sintomas de falta de ar e tontura, possível agravados pela baixa umidade do ar e pelo forte calor que fazia.
Com calma, chegamos ao alto do Morro do Getúlio às 11h30, mais ou menos, onde paramos para tentar os primeiros contatos por telefone e para o almoço. O sinal dos celulares é razoável neste ponto, e conseguimos transmitir notícias para nossas respectivas casas, tranquilizando a todos. Realizamos nossa primeira refeição e após o descanso de mais ou menos 1 hora, retomamos a subida com a decisão de seguirmos para o Itapiroca e lá armar acampamento. Pegamos algumas dicas com um rapaz (que infelizmente não gravei o nome) que já realizou ataque a todos os picos da região e inclusive mencionou a dificuldade para conseguir indicações melhores para a Fazenda do Bolinha, que gera melhor acesso para chegar ao Ciririca. Seguimos adiante para abastecermos nossa água, após a bifurcação entre o Caratuva e o Pico Paraná (PP). Na bica encontramos um grupo de rapazes, estudantes de Curitiba, mas praticamente todos do interior do estado, e um rapaz que veio de Toledo passar o final de semana na reserva, que mudou seu destino para segui-los até o PP. Aguardamos um pouco mais para o Celso recuperar o fôlego. Abastecidos do líquido precioso, seguimos para a próxima bifurcação que separa a trilha do PP do Itapiroca. Ali o Fôdo e o Jeep iniciaram a subida de forma mais acelerada, pois o Fôdo ainda teria a missão de descer novamente, sem seu equipamento, para buscar o Baby e algumas provisões extras que ficaram no carro.

Continuei subindo com o Celso no ritmo dele, parando sempre que necessário para restaurar o fôlego. Essa parte da trilha é a mais íngreme, e chegamos no topo às 15h30. O Fôdo ainda não havia descido, então começamos a montagem do acampamento, enquanto ele esvaziava a mochila para começar o caminho de volta. Partiu por volta das 16h00, enquanto as três barracas ficaram prontas às 16h20. Aí foi aproveitar a vista e descansar um pouco antes de começar o planejamento do jantar. O vento era muito forte, não tínhamos como medir, mas era suficiente para nos balançar quando parados, acreditamos que pode ter chego a uns 60 ou 70 km/h. Tudo isso foi compensado pela sensação da conquista realizada e pela incrível vista que tivemos o privilégio de presenciar.

Foto 1:
Sid, Gandalf, Fôdo e Jeep
Foto 2: Nosso destino: Itapiroca

Gandalf
Minhocas Uh Ha Ha

Veja também em quadrinhos: Acampamento do Pico Itapiroca



quinta-feira, 2 de setembro de 2010

SPT7: Fazenda Pico Paraná - Véspera

Minhocas, estamos à véspera de nosso acampamento. Está na hora de revisar o material individual, os mantimentos, as roupas e começar a organizar a mochila. Apesar da previsão não mostrar chuva, nunca é demais abusarmos dos sacos plásticos e proteger bem o saco de dormir, as roupas, documentos e acessórios que não são resistentes a água. Bússola a postos, não esqueçam que é obrigatório o uso de lanterna e apito para entrar na fazenda, e tão importante quanto às lanternas, não esquecer de levar as pilhas extras. Vamos ter máquinas fotográficas extras, e o registro fotográfico promete ser extenso. Preparem-se para adicionar muitos quilômetros e objetivos aos seus currículos!
Ah!... roupa de banho não é demais: se o tempo ajudar teremos cachoeira para banho! Excelente feriadão para todos!

Gandalf.
Minhocas Uh Ha Ha