terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Caratuva: abertura da temporada 2012

A exemplo da temporada 2011 - mas esperando que esta seja mais agitada - abrimos a temporada 2012 buscando uma altitude superior aos 1.600m e também no segundo domingo do ano, já que o primeiro é reservado às famílias, claro. E o destino escolhido para esse 08 de janeiro de 2012 foi o Caratuva, o segundo mais alto pico do Paraná e também do sul do Brasil. A semana começou bem, com o clima muito favorável mostrando manhãs ensolaradas e céu limpo, nuvens se acumulando próximo ao horário do almoço e chuvas rápidas à tarde. Perfeito: um cenário ideal para belas fotos do cume, com um refresco do sol para descansar e um descida com temperatura bem agradável. Mas tratando-se da Serra do Mar e verão, não é bem assim. Começamos os preparativos e confirmamos a participação de seis Minhocas da Terra - Baby, Fôdo, Gandalf, Jeep, Potter e Sid - e nove convidados que acabaram reduzidos também a seis. Nosso comboio ficou em três carros e doze trekkers, todos entusiasmados em retomar (ou estrear) trilhas e com a possibilidade de um visual de enxer os olhos. Nos preparamos com mochilas mais leves e incluímos dois novos equipamentos da parceira Guepardo: o Sensor Climático e o Carregador Solar. Um permitirá uma coleta de muito mais dados de interessante para nossas trilhas, outro servirá de suporte para equipamentos importantes como celulares, rádios e pilhas para lanternas e câmeras.

Marcamos a saída tradicional do QG, às 06h30 e, após um pequeno atraso, colocamos o pé na estrada às 07h05, rumo à Fazenda Pico Paraná. Depois de 40 quilômetro rodados a partir do Trevo do Atuba, chegamos à ponte do Rio Tucum, pegando a discreta entrada por estrada de chão que leva à Fazenda. Algumas mudanças desde nossa última visita (para melhor, claro): a entrada agora acontece das 07h às 22h, fora desse horário a porteira estará trancada com cadeado; e no trecho onde havia risco de derrapagem na subida foi colocada uma camada de anti-pó, garantido o trajeto para qualquer carro. Chegamos e, realizado o cadastro de todos, pagamos a taxa de R$ 15,00 por pessoa - alta justificada para garantir abertura da Fazenda durante o período das festa de final de ano e que baixou no dia seguinte retornando para R$ 10,00 - e depois
da sessão de alongamento com o professor Fôdo iniciamos a subida em direção ao Caratuva, exatamente às 08h36min, tendo como guias Fôdo e Potter, e fechando a trilha Sid e Jeep. O ritmo previa um tempo um pouco superior às 3 horas indicadas, o grupo era maior que o habitual e também pela frequência menor de trilhas na temporada 2011. Começamos a subida e não demorou muito para o grupo acabar se dividindo em dois: mais à frente Baby, Fôdo e Potter puxaram mais com os convidados, enquanto eu (Gandalf), Jeep e Sid ficamos para trás, menos preocupados com o ritmo, querendo aproveitar mais e registrar os momentos com a natureza. O conjunto do Pico Paraná é um dos lugares mais belos da natureza no sul do país, e graças ao cuidado de apaixonados e consciente pela preservação da natureza, anônimos ou não, o lugar mantém-se suas características nativas com muita beleza a ser admirada.

As condições do tempo continuavam incertas. Os picos à nossa frente continuavam encobertos, mas não perdemos a esperança de ter algum visual lá de cima. Durante a subida cruzamos com alguns grupos que pernoitaram no PP de sábado para domingo. Todos desciam encharcados: a noite foi bastante chuvosa e algumas barracas não aguentaram o volume de água. Como em nosso acampamento no Araçatuba, também para eles valeu pela aventura, mesmo sabendo não ser a melhor época para aproveitar nossas monta
nhas. A trilha estava limpa e o ritmo tranquilo para o primeiro trecho, Getúlio acima. De tempos em tempos a turma da frente confirmava nossa posição por rádio e nos esperavam. E fomos subindo dessa forma até o cume do Getúlio. Alcançamos ali 1.440 m e paramos para um descanso um pouco maior, antes da pernada mais dura. Durante o lanche, recebemos a vista de alguns pequenos tico-ticos, pássaro típicos das matas brasileiras, extremante dóceis e à vontade com nossa presença. Um em especial passeou entre nós como que esperando ganhar alguma recompensa. Depois do descanso, reabastecidos com cereais e água, retomamos a marcha com destino à bica d'água no caminho do Itapiroca, para repor o líquido precioso. Da bifurcação para o Caratuva, andamos cerca de 15 minutos até a bica, onde reabastecemos com água geladinha. Encontramos ali mais um grupo que descia do PP, confirmando novamente a noite de muita chuva e praticamente nenhuma visibilidade. Descemos até a bifurcação para iniciar a subida do Caratuva propriamente dita.

Depois de
um pequena descida, cruzamos o pequeno filete de água escorrendo do cume, para então começar a parte mais íngreme da trilha. O ângulo da subida aumentou a distância do grupo da frente, mas sem qualquer problema quanto ao ritmo, todos curtimos a subida, agora num trecho mais úmido confirmando as informações de uma noite chuvosa. No meio do caminho fizemos uma rápida parada, já próximo aos 1.750m de altitude, para tratar a canela do Jeep depois de uma topada feia em uma pedra. Avisamos no rádio para o grupo da frente tocar até o cume e nos esperar por lá. Mais uma meia hora estávamos passando, finalmente, pelas caratuvas próximas ao cume, uma imagem que dá muita satisfação quando você começa a se acostumar com a vegetação do alto das montanhas paranaense. Passam a simbolizar a chegada ao objetivo proposto no início de cada aventura. Dali já avistávamos o restante do grupo já no cume, tirando algumas fotos, além das pontas das antenas. Chegamos ao lado do livro do cume exatamente às 12h40, completando 04h04min de subida. O restante havia conquistado o cume a uns 25 minutos. Decidimos descansar e comer algo antes de assinar o livro. Nos ajeitamos de frente para o PP na torcida para que limpasse um pouco em algum momento para registramos uma foto bacana, mas não deu tempo. Mal tinha acabado de conectar o celular do Jeep para testar o carregador solar e senti o primeiro pingo de chuva. Mal deu tempo de fechar as mochilas. Em um minuto a chuva veio generosa, fria e com força. Tentamos nos abrigar pelo menos do vento gelado atrás das antenas, ajustando o equipamento para evitar molhar câmeras e celulares. A chuva poderia durar 5 minutos ou mais: decidimos descer, mesmo sem registrar no livro a chegada dos Minhocas da Terra, o jeito era esperar a próxima chance para assinar. Enquanto nos reuníamos para iniciar a descida, outro grupo chegava já todo encharcado. Sem qualquer visual, o jeito foi começar a descida, depois de pouco mais de 20 minutos no cume. Não deu para aproveitar quase nada. Já encharcados, não foi preciso cerimonia para enviar o pé no curso d'água que se formou sobre a trilha, com cuidado para evitar tombos. Novamente nos separamos em dois grupos pelo ritmo da descida, mesmo sem muitas pausas para descanso. Pelo rádio combinamos nos encontrar na bifurcação para o Getúlio. Em um breve instante do início da descida foi possível observar o Ferraria, o Tucum e o Camapuã, além de uma pequena parte do Itapiroca, mas antes mesmo de chegarmos no inicio da vegetação alta as nuvens já encobriam novamente tudo à nossa volta. Alguns escorregões depois, o primeiro grupo chegou na base e passou direto para a cachoeira do Arco Iris, alguns aproveitaram para um banho revigorante. O segundo grupo - os veteranos, rsrsrs - aproveitaram para terminar de comer o que restou dos lanches, e que foram divididos, mesmo a contra gosto, com as éguas da fazenda, que estavam pastando quando chegamos e não aceitam não como resposta quando vêem um saquinho de comida. Apesar da falta de visual e de não conseguirmos registrar as fotos que esperávamos, o balanço final é de um trilha onde conseguimos um grau maior de diversão. Fica a certeza que voltaremos muito em breve ao conjunto do PP, não só para conquistar as fotos que faltaram, mas pela beleza única que esse pedaço de Mata Atlântica nos oferece.

Abraço.
Gandalf
Minhocas UH HA HA