segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Trilhas e Temporada de Chuva: atenção redobrada

Como vários companheiros nos esporte de trekking e montanhismo indicam, o período mais propício para trilhar caminhos na região da Serra do Mar paranaense é que inicia em maio até setembro, justamente por historicamente o clima de nossa região nesse período ter menos incidência de chuvas. Mas ter a presença das chuvas não é de todo ruim durante uma aventura: nesta época de verão ajuda na trégua com o sol forte e refresca o calor intenso. Porém, é necessário redobrar a atenção em vários aspectos ligados à segurança. Decidir realizar ou não uma trilha no final de semana envolve o acompanhamento próximo aos sites especializados e confiáveis de previsão do tempo. Principalmente em região montanhosa as chuvas constantes durante a semana podem revelar surpresas desagradáveis durante a trilha, como deslizamentos, árvores caídas ou no mínimo alterações na qualidade da água de bicas. Equipamentos confiáveis, como bota por exemplo, auxiliam em contornar algumas dificuldades, mas quando houver dúvida em relação à segurança: não se arrisque. Os destinos estaram lá nas próximas semanas, ou mesmo meses, e é possível reagendar a visita aos lugares desejados.
Com este pensamento, o grupo Minhocas da Terra mantém seus planejamentos mesmo fora da temporada ideal, adequando-se a destinos que podem ser realizados mesmo no período de chuvas, mas com condições de seguranças mínimas observadas. Algumas dicas para este período:
- acompanhar a evolução das previsões do tempo para o dia desejado e também como foi durante a semana anterior a data marcada;
- no equipamento, capa de chuva para a mochila e, mesmo com ela, tudo que for levado é importante ser armazenado em sacos plásticos, bem amarrados. Umas das técnicas que utilizamos, ensinada pelo Tocador, é espremer bem o saco plástico para retirar todo o ar fechando a abertura e enrolando-se bem apertado, criando um laço único para permitir que fiquem bem vedados, mas fácil de abrir sem precisar rasgá-lo;
- dimensione com mais de folga os alimentos e a água a transportar, pode ser que o tempo previsto para realizar a trilha aumente por consequência das condições meteorológicas;
- atenção aos sinais de alterações nas trilhas, se o solo está muito encharcado, se há árvores caídas;
- preferencialmente olho constante no céu para identificar nuvens carregadas de chuvas;
- evite grupos inferiores a quatro pessoas ou maiores que dez. Essa é uma dica também válida para períodos ideais para trilhas;
- evite destinos como cachoeiras ou onde será necessário atravessar rios. As chuvas de verão são mais intensas e provocam as popularmente conhecidas trombas d'água, causadoras de grandes estragos por onde passam;
- deixe sempre informado em casa, para familiares e amigos, para onde está indo e previsões de retorno. Se o local permitir, mantenha consigo celulares e rádios funcionando;
- e o mais importante: se houver a mínima dúvida quanto à segurança individual ou do grupo, não se arrisque.


É possível constantemente localizarmos histórias de aventureiros que passaram do limite ou foram surpreendidos por condições adversas, mesmo com o melhor preparo, conhecimento e equipamento, e sofreram acidentes. Afinal, todo esporte possui seu grau de risco e o trekking e o montanhismo não são diferentes, aliás, podemos dizer que oferecem até um grau maior nesse sentido. Às vezes os acidentes terminam de forma consideravelmente boa, mas em outras são simplesmente trágicas. Mesmo uma aventura de final de semana para descobrir como é esse esporte deve ser bem planejada e considerar os aspectos mínimos de segurança. Aventurar-se sem cuidados é tolice e não trará os resultados que espera-se de satisfação e conquista. Informe-se, pergunte, questione e troque ideias com que já realizou desafios desse tipo. Você pode se apaixonar pelo esporte, mas nunca esqueça da segurança.

Abraço e boas trilhas!
Gandalf
Minhocas Uh Ha Ha



segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Morro Araçatuba: começa a temporada 2011!

Para abertura da temporada 2011 do Minhocas da Terra realizamos neste domingo, dia 09 de janeiro, a subida do Araçatuba. Um dos últimos morros ao sul da serra do mar paranaense, no município de Tijucas do Sul, quase divisa com Santa Catarina, com 1.673m de altitude, partido de 912m no pé do morro, início da trilha. Participamos com 6 trekkers: Baby, Fôdo, Gandalf (eu), Gump, Potter e Tocador. Como a distância a percorrer até o pé do morro é um pouco maior que as anteriores, agendamos um formato de saída diferente, para às 06h30 da manhã. Combinamos de nos encontrar no terminal do Hauer. Todos chegaram pontualmente e tiramos ali mesmo a foto oficial. Nos dividimos 3 em cada carro e seguimos em direção à BR 376. Paramos para abastecer no posto que fica imediatamente antes da entrada do aeroporto, ainda na Avenida das Torres, em São José dos Pinhais. Ali zeramos o odômetro para identificar a distância. Seguimos em frente, passamos pelo pedágio e permanecemos atentos para as referências, após a segunda ponte sobre a Represa do Vossoroca há um retorno à esquerda, exatamente onde as pistas da BR se separam. Deste ponto, são exatos 2,7 km para a entrada à direita para a localidade do Matulão. Começamos a rodar na estrada de terra em direção à base do Araçatuba, seguindo em frente sempre por esta estrada, até uma bifurcação bem marcada com tabuletas onde indicava faltarem apenas 2km. Ao chegarmos no sítio da Dona Feliciana e de Seu Amadeus o odômetro marcou 51,7 km desde o posto de São José dos Pinhais. O casal mantém na entrada da trilha banheiros limpos e cobra R$ 10,00 para cuidar de cada carro.
Como saímos cedo, levamos o café para tomar no início da trilha. Devidamente alimentados, chegamos os últimos detalhes do equipamento e das mochilas. E como temporada nova trás ajustes do aprendizado das temporadas antigas, iniciamos a implantação do programa da alogamento específico, ministrado pelo Fôdo. Alongados, mochilas nas costas, iniciamos nossa subida às 08h30. O pedaço de mata atlântica marca presença apenas no inicio da subida, no primeiro quilômetro de caminhada, passando por um pequeno rio que corre pelas pedras formando pequenas piscinas, muito convidativas, que nos fizeram determinar como certo um banho no retorno. Essa primeira parte é bem marca, encontramos três placas indicativas para o 'cume', e não houve maiores problemas. A subida é íngrime apesar de relativamente fácil, e isso aliado ao calor exige esforço considerável de todos já na partida. Em meia hora foi possível apreciar a paisagem ao longe e do alto.
O Araçatuba é conhecido por ser difícil devido ao tipo de vegetação, mais rasteira, que deixa os trekkers desprotegidos do sol e isso aumenta a exigência física. Encontramos algumas pinturas de flechas em algumas rochas, que auxiliam em manter a direção correta, pois o trajeto morro acima é feito em zigue-zague até a metade do caminho. Atravessamos um pequenino fundo de vale, com mata alta que ajudou a refrescar o calor. Ali encontramos novamente o rio que desce o Araçatuba, onde aproveitamos para refrescar um pouco a cabeça. Nessa altura, o Tocador estava sentindo muito o calor, com o 'radiador fervendo' literalmente. Subimos mais uns 300m de trilha e encontramos outro ponto que eleva a dificuldade, num dos primeiros platôs, a formação de pedras toma conta da paisagem e manter-se no caminho exige muita atenção. Nesse momento, os instintos falam mais alto e observar a direção ao cume facilita. Após vencer esta dificuldade, a trilha fica melhor. Mesmo assim, para aqueles que buscarem esse desafio, é importante saber que o morro é visitado por vacas que utilizam a vegetação como pastagem e acabam abrindo outras falsas trilhas. No meio do caminho encontramos vários 'montinhos' que marcavam sua presença, além de um pedaço de terra recentemente marcado por pegadas de bovinos.
Chegamos em um segundo platô onde quase é possível observar o cume, uma subida bem íngreme por sinal, mas praticamente em linha reta. O calor aumentava ainda mais com o esforço físico, e o Tocador precisou baixar o ritmo para conseguir manter-se na subida. No meio desse trecho, encontramos algumas rochas agrupadas que formam um micro caverna, onde paramos por 5 minutos para refrescar um pouco, reduzindo a temperatura corporal. Perde-se muito líquido, principalmente para quem possui tendência a transpirar muito, como no meu caso e do Tocador. Por isso, compensa pensar em excesso de peso carregando mais água. Antes de chegarmos ao ponto mais alto, fizemos mais uma breve parada para recuperar o fôlego e mais 10 minutos depois chegamos no ponto onde está fixado o livro do cume. Devidamente assinado, seguimos mais alguns metros para o outro lado para nos organizar para o almoço. Chegamos ali às 11h30, finalizando 3 horas de subida. Antes de iniciar o 'almoço', realizamos nosso brinde comemorativo de abertura da temporada 2011, com uma SIDRA SEM ÁLCOOL. No vídeo é engraçado observar todos acompanhando a trajetória da rolha para não perdê-la: uma, para não deixar lixo para trás, outra, para guardar como lembrança. Almoçamos e fizemos uma pausa para contemplação individual, mais uma das resoluções do grupo para esta temporada. O céu estava bem nublado, em direção leste a concentração de nuvens ainda maior não permitiu observar a baía de Guaratuba, ou mais à norte tentar enxergar o Pico Paraná. Foi possível identificar apenas o Anhangava. Depois, eu, Fôdo, Baby e Potter, descemos uma parte atrás do cume para explorar um pouco as possibilidades que a região proporciona. Idealizamos um acampamento para futuramente realizarmos uma travessia por sobre os morros em direção sul. Nessa hora, algumas nuvens mais escuras ameaçavam chuva e resolvemos optar por descer. Começamos o retorno às 13h00 com previsão de chegar nos carros, com calma e após um banho de rio, por volta das 16h00. A descida até o primero platô estava bem molhada, vários escorregões e alguns tombos leves fizeram parte do trajeto, com boas risadas. O clima do grupo foi excelente, integrado e atento à segurança e aos princípios que prezamos. Muito satisfatório poder sentir a maturidade que já adquirimos neste esporte como grupo.
Quando alcançamos o platô de pedras confiamos demais no instinto e passamos a curva da trilha que deveríamos fazer à esquerda, seguindo reto, 'mirando' o destino. Caímos na armadilha do Araçatuba e foi necessário retornar uma parte para reencontrar a trilha da subida. Logo em seguida chegamos ao trecho mais alto do rio que corta o caminho e aproveitamos para nos refrescar um pouco mais e reabastecer as garrafinhas. Além do consumo, a água que carregamos estava bem quente. Nada como uma água fresca e mais geladinha para ajudar. Aproveitamos para encharcar os chapéus para aliviar o calor da cabeça. A descida deste ponto pareceu mais rápida e com as nuvens mais altas pudemos enxergar mais longe, uma visão privilegiada de muito verde da mata atlântica. Chegamos em seguida ao rio convidativo e, sem pestanejar, nos livramos do equipamento e mergulhamos na água gelada. O Gump e o Potter preferiram ficar de fora, mas deram boas risadas com as brincadeiras e aproveitaram para mais um lanchinho. Permanecemos ali por cerca de meia hora e então concluímos a última descida que faltava. Ao chegar no estacionamento, um pequeno problema com o carro do Gump e Tocador: um pneu murcho. Nada grave, o Fôdo deu uma mãozinha na troca para estreia do step 'zero bala'. Feita a troca, todos de roupa limpa, tocamos de volta rumo à Curitiba com um sentimento de um desafio realizado com boa dificuldade e revitalizando o prazer que todos como Minhocas da Terra temos pelo trekking. E que venho os novos desafios!


Foto 1: Morro Araçatuba visto da estrada próxima ao sítio base.
Foto 2: Sessão de alogamento antes da trilha.
Foto 3: Chegada no primeiro platô, dominado por pedras.
Foto 4: Assinatura do livro do cumê.
Foto 5: Brinde de abertura da temporada - Gandalf, Gump, Potter, Fôdo, Tocador e Baby.

Abraço. Gandalf
Minhocas Uh Ha Ha