segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Travessia Morro do Vigia para Morro do Canal

Realizada a Travessia do Morro do Vigia para o Morro do Canal pelo Minhocas da Terra, no domingo do dia 12 de dezembro de 2010. A trilha encerrou a temporada 2010 do grupo com chave de ouro, possibilitando experiências intensas e muito satisfatórias para coroar essa primeira temporada. Animais, obstáculos de difícil transposição, trilha com marcação sutil, temperos que estiveram presentes nas 8 horas de caminhada Mata Atlântica adentro.
Depois de dois finais de semana adiados e uma semana inteira de olho no céu, finalmente as condições climáticas deram uma trégua e fomos para a trilha. O grupo foi formado com 6 trekkers, 3 Minhocas e 3 convidados: Baby, Gandalf, Jeep, Bruno, Diego e Israel. Atrasamos um pouco nossa saída e a foto oficial foi batida às 07h45. Tudo certo, seguimos em direção à BR 277 e pela a entrada já conhecida para o canal. Nossa aventura ganhou mais dificuldade logo no inicio. O caminho era conhecido, mas a dúvida que pairava é se a erosão que aconteceu no início do ano teria piorado o acesso ou não. Aí se complicou: piorou tanto que a estrada foi interditada, cortada ao meio pelo desbarrancamento que avançou muito. O jeito era contornar. Voltamos até a primeira bifurcação retornando pela esquerda, e não à direita onde entramos para o caminho já conhecido. Por ali chegamos no Caminho Trentino, passando pela Igreja de Nossa Senhora da Assunção, na Colônia Santa Maria do Novo Tirol. Já em seguida encontramos a estrada que contorna a Represa do Cayuguava e seguimos em frente. O desvio acrescentou cerca de 4km no trajeto, mas sem maiores problemas. Fomos o primeiro grupo a chegar no Sitio do Seu Zezinho.
Aproveitei para confirmar com seu neto, Dirceu, que cuida do pastelzão, a entrada para o Morro do Vigia. Começamos a subida às 9h, e antes do primeiro degrau para o acesso ao Morro do Canal, descemos pela esquerda encontrando a 20m adiante uma pequena plaquinha que aponta o início da trilha, à direita. Começamos a subida, desta vez com a estreia de novo equipamento: o Talk About Morotola MR350, com capacidade de alcance para até 56km em área aberta. Ajudou muito nessa aventura. O ritmo foi muito interessantes, todos com vontade e preparo físico suficiente para imprimir avanço rápido. A previsão que o Dirceu nos passou foi de 4 horas para chegar ao cume do Vigia, conforme relato de outros aventureiros. Já para a travessia, descobriríamos somente lá. Na primeira hora de subida já deparamos com rochas formando coberturas naturais e pequenas cavernas, boas para paradas para lanche. A trilha não é marcada com frequência, e precisa de atenção para evitar seguir por trechos duvidosos marcados por água da chuva. Em vários pontos precisamos nos dividir para localizar a continuação, principalmente próximo ao cume, que podemos dizer ser dividido em 3 etapas diferentes, sendo a primeira a Torre Amarela. Todos tiveram grandes participações nesta aventura. Para localizar a continuação da trilha, todos estavam atentos, principalmente o Baby, o aspirante Bruno, e o Jeep. Na tentativa de localizar a segunda etapa do cume, marcada pelo 'dedão' (um apelido mais simpático), o Baby se encarregou de subir um lance de rochas para achar a continuação da trilha, e foi o primeiro a topar literalmente 'de cara' com um bonito exemplar de aranha caranguejeira, também conhecida como tarântula. Tomou um baita susto! Tiramos várias fotos e filmamos a primeira das várias outras que encontraríamos pelo caminho. Tão rápido quanto possível, subindo através da mata mais fechada e próximo ao cume em rochas mais altas que necessitaram de boas doses de contorcionismo, chegamos ao topo às 13h, com exatas 4 horas de escalaminhada, marcando a altitude de 1.319m. O lanche foi rápido, um sanduiche ou uma fruta, um gole d'água e em 15 minutos já retomamos a trilha, agora em direção à travessia propriamente dita. Essa parte tem marcações ainda mais sutis e escassas, inclusive com bifurcações que necessitam de decisão com algum senso de direção para o objetivo. O grupo maior e o rádio foram muito úteis nessa hora, viabilizando a divisão para 'tentativa e erro'. Na primeira bifurcação que encontramos, a direção correta é pela esquerda. A descida até o fundo do vale levou cerca de 1 hora até retomarmos novamente a subida, agora já no Morro do Canal. O tempo começou a fechar um pouco mais, algumas nuvens negras já rodeavam a serra e ouvimos algumas trovoadas ao longe. Alguns minutos de subida e chegamos ao grande obstáculo desta e de todas as outras trilhas dos Minhocas: a corda! A visão não era nada animadora: um paredão de cerca de 10m de altura, com duas cordas com nós penduradas que não tínhamos ângulo para identificar onde estavam fixadas. O ângulo da rocha não permitiria uma apoio para os pés, assim como não há ranhuras para apoía-los durante a subida. Para ajudar ainda mais, estava toda molhada e os calçados do grupo enxarcados de lama. Os 3 que possuíam bota não acreditavam na força dos braços para alavancar-se até em cima. Nesse momento, o Diego e o Israel se voluntariaram para subir, mas tivemos cautela pois a possibilidade de um escorregam para eles que estavam de tênis era grande e não tínhamos como avaliar se a força no braço seria suficiente para se manter literalmente pendurado. Privilegiando a segurança, partimos para a busca de uma rota alternativa. Tentamos o contorno pelo lado esquerdo, onde uma possível trilha se demarcava. À volta desta rocha há muito 'piso falso', ou seja, folhas que se acumulam sobre as raízes das árvores. Chegamos ao ponto onde duas fendas profundas se abriam, e a única forma de continuar era subir entre os galhos sobre a rocha no meio das fendas para tentar alcançar uma passagem no topo para o outro lado, mas sem trilha, teria que ser aberta. Os mais leves foram na frente para tentar abrir a trilha, uma após o outro, mas o lugar era muito difícil e não dava para abrir a trilha prosseguir. E sem a alternativa de contornar sobrou arriscar a subida pela corda ou voltar por onde viemos, o que significaria não cumprir a travessia e mais 4 ou 5 horas para voltar, perto de escurecer e provavelmente com chuva forte.
Os primeiros a chegar à corda foram eu e o Diego. Ele é leve e disse que dava conta do recado no braço. Sugeri que tirasse a mochila e torci para que desse certo. Momento insano, mas funcionou! Ele conseguiu chegar lá em cima apoiando o corpo na rocha quando desequilibrou. O próximo a subir foi Israel, da mesma forma. Chegando lá em cima os dois se encarregaram de auxiliar a puxar os demais. Improvisamos uma cadeirinha de segurança com a ponta de uma das cordas enquanto cada um subia com a outra, quem estava em cima ajudava a aliviar o peso e distribuir a força. Assim fomos subindo um por um, as mochilas foram antes do Jeep e eu fiquei por último pois sabia montar a cadeirinha com a corda. Depois de 1 hora de receio, tensão e esforço, finalmente soltamos o berro de 'Minhocas Uh Ha Ha' no alto da rocha, agora com a corda transposta! Dica para as próximas: uma cadeirinha de segurança pode fazer parte do equipamento.
Depois disso, foram 20 minutos a mais de caminhada para alcançarmos o conhecido cume do Morro do Canal, a 1.280m de altitude. Quando chegamos já não havia mais ninguém por lá dos grupos que avistamos do Morro do Vigia, somente mais duas aranhas caranguejeiras que aproveitavam o sol. Paramos para o descanso merecido, comemos mais algumas barras de cereal, frutas e sanduiches. Antes da foto oficial do cume, aproveitamos para batizar o Bruno, agora Potter.
Começamos a descida exatamente às 17h, depois de uma foto com todo o grupo na tradicional pedra com vista para a represa de Piraquara. Desta vez a trilha é bem conhecida e o trajeto foi tranquilo. As pedras estavam secas diminuindo os riscos de escorregões. No meio do caminho encontramos mais uma aranha caranguejeira e na pedra seguinte dois lagartos que até então não tínhamos conseguido fotografar. Mesmo assim só deu tempo de registrar um deles. Desistimos da ideia inicial de passar por dentro das cavernas, já que a previsão inicial de tempo fora superado e muito. Descemos em 45 minutos, fechando a aventura em praticamente 8 horas de caminhada quase ininterrúptas. Claro que o prêmio final foi o pastelzão do Seu Zezinho acompanhada de uma Coca trincando de gelada! Não é o melhor nem o mais saudável cardápio para um fim de trilha, mas o local, a fome e a comemoração mereceram.
Após este desafio, encerramos a temporada 2010 do Minhocas da Terra, mas já com planos para um início acelerado para a temporada 2011 que promete ainda mais aventuras, novas dificuldades, novos destinos e reencontros com os locais que já passamos. Enquanto isso, curtimos as comemorações e festas de natal e ano novo!


Foto 1: Igreja Nossa Senhora de Assunção, no Caminho Trentino - Piraquara/PR
Foto 2: Início da trilha para o Morro do Vigia
Foto 3: Aranha caranguejeira no Morro do Vigia
Foto 4: Chegada ao cume do Morro do Canal
Foto 5: Foto na pedra do Morro do Canal com vista para Curitiba


Abraço, Gandalf.
Minhocas Uh Ha Ha


Vídeos da aventura: www.youtube.com/user/minhocasdaterra



2 comentários:

  1. Parabéns aos @minhocasdaterra, lendo o texto foi como estivesse participando da aventura. Ficou muito bom Gandalf.

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  2. O legal dessa travessia foi, realmente, o contato com os "habitantes" locais. Além de lagartos e insetos de vários tipos, foi bacana ter a companhia de várias aranhas pelo percurso quase que inteiro, ainda mais de alguém que morria de medo delas.

    Valeu minhocas, e bora para a próxima aventura.

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